quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O Chamado...

Varsóvia 01/08/1925                                                             + J.M.J - Jesus, Maria e José

O definitivo chamado de Deus, a graça da vocação para a vida religiosa, eu senti desde os setes anos de vida. Com essa idade, ouvi pela primeira vez a voz de Deus na alma, ou seja, o convite para uma vida mais perfeita, mas nem sempre fui obediente a voz da Graça. Não encontrei ninguém que me pudesse explicar essas coisas.

Aos dezoito anos, fiz um insistente pedido aos meus para que me deixassem entrar no convento; a recusa foi decisiva. Depois dessa recusa, voltei-me para ás vaidades da vida, passei a viver a vida de vaidades, não prestando nenhuma atenção a voz da Graça, embora minha alma não encontrasse satisfação em nada disso. O contínuo chamado da Graça era para mim um grande sofrimento que eu procurava abafar com diversões. Evitava interiormente a Deus, voltando-me com toda a alma para as criaturas. Contudo, a graça do Senhor venceu a minha alma.

Numa ocasião, eu estava com uma de minhas irmãs num baile. Quando todos se divertiam a valer, minha alma sentia tormentos interiores. No momento em que comecei a dançar, de repente, vi Jesus a meu lado, Jesus sofredor, despojado de suas vestes, todo coberto de chagas e que me disse estas palavras: Até quando hei de ter paciência contigo e até quando tu Me desiludiras? Neste momento, parou a música encantadora, não vi mais as pessoas que comigo estavam, somente Jesus e eu ali permanecíamos. Sentei-me ao lado de minha irmã, disfarçando com uma dor de cabeça aquilo o que se passava comigo. Em seguida, deixei disfarçadamente os companheiros e minha irmã e fui à catedral de Santo Estanislau Kotska. Já começava a entardecer, havia poucas pessoas na catedral. Sem prestar atenção a nada do que ocorria à minha volta, caí de bruços diante do Santíssimo Sacramento e pedi ao Senhor que me desse a conhecer o que devia fazer a seguir. Então, ouvi estas palavras:
Vai imediatamente a Varsóvia, e lá entrarás no convento.
Terminada a oração, levantei-me, fui para casa e arrumei as coisas indispensáveis. Como pude, relatei à minha irmã o que acontecera na minha alma; pedi que se despedisse por mim dos meus pais e assim, só com a roupa que tinha no corpo, sem mais nada vim para Varsóvia.


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Diário de Irmã M. Faustina Kowalska
7 - 10




*Vaidades: Santa Faustina entendia pela expressão "vida de vaidades" a vida normal das pessoas no mundo, que prestam pouca atenção às inspirações interiores da graça, ao passo que entregam-se inteiramente às coisas temporais, ocupações, diversões, etc.


Casa da Família Kowalska em Glogowiec
Catedral de Santo Estanislau Kostka em Lodz